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ÊXODO E DESIGN E DESCENTRALIZAÇÃO. percursos de 2 artistas gráficos alentejanos
Ligações externas

Sobre o projeto

A investigação e obra editada sobre a história do design em Portugal tem vindo a crescer de forma significativa ao longo das últimas duas 
décadas. Além de trabalhos académicos, têm vindo a ser publicadas coleções de livros sobre o assunto, entre elas: Coleção D, Designers 
Portugueses, Design Português, ou História do Design Gráfico em Portugal. Estas atividades centram-se, contudo, nas chamadas primeira e segunda gerações de designers nacionais. Sobre a terceira e seguintes gerações tem vindo a ser realizada alguma investigação, 
encontrando-se, contudo, ainda numa fase relativamente introdutória. Entre os nomes que estão ainda fora deste foco encontram-se 
Armando Alves e Aurelindo Jaime Ceia. Apesar de haver algumas publicações sobre o trabalho gráfico destes designers, bem como 
exposições, estas têm sido pontuais e relativamente restritas, não sendo suficientes para um reconhecimento mais abrangente destas suas obras.
A relação do design produzido com o contexto histórico, social, cultural ou político, é outro ponto que deve continuar a merecer a atenção da investigação, no sentido de continuar a aprofundar-se o conhecimento, quer das obras quer do que representam para a nossa história. Na história mais recente do país, e em particular nas fases mais ativas da atividade profissional daqueles dois designers, verificaram-se mudanças muito significativas a vários níveis, o que enformou as suas atividades. Os movimentos de êxodo rural, num primeiro momento, e de descentralização, num segundo, foram consequência e causa de mudanças profundas. O design e a cultura foram parte desse sistema e os percursos de Armando e Ceia são um espelho disso mesmo, muito interessante de analisar, para além da importância cultural e artística das suas obras.
Objetivos gerais:
— Dar a conhecer as obras de dois designers gráficos ainda pouco conhecidos, mas influenciadores de diferentes gerações de designers 
nacionais
— Tornar mais claras as suas histórias de vida na relação com o contexto social, cultural e político nacional
— Entender e relacionar as suas atividades de design gráfico com o desenvolvimento culturais e político do país
— Ajudar a contextualizar o papel destes designers, da sua obra gráfica e das ações dos seus clientes num panorama de evolução social e cultural nacional
Resultados esperados:
— Entrevistas aos designers, registando som e imagem, a usar nas exposições e livros
— 2 exposições, previsivelmente nas terras natais dos designers, complementadas com visitas guiadas e palestras, com os próprios e com investigadores convidados
— 2 livros sobre as duas obras gráficas
— 1 artigo indexado 
1.ª fase: revisão da literatura e trabalho de campo; com entrevistas estruturadas aos designers, os que trabalharam diretamente com eles, 
ou investigadores. 
2.ª fase: organização do material recolhido e análise de conteúdo textual e gráfico. 
3.ª fase: edição e curadoria, tendo em vista os livros e exposições. 
4.ª fase: metodologia de design materializando-se os livros e as exposições. 
Aprofundar o conhecimento sobre estes designers reveste-se de inovação e interesse porque: Armando Alves é bastante conhecido como artista plástico, não apenas a nível nacional. Sobre a sua obra plástica, existem alguns livros publicados e diversos catálogos de exposições, no entanto, não existe ainda qualquer edição, investigação, tese de mestrado ou doutoramento, sobre a sua obra gráfica. As únicas referências conhecidas, acontecem em algumas das coleções de design referidas, mas de forma concisa. O livro de Laura Castro contribui para o conhecimento da biografia de Armando nesta área, contudo não chega a mostrar quaisquer imagens do seu design gráfico.
Jaime Ceia tem textos seus em coletâneas, e possui um livro sobre parte da sua obra, co-editado pelo próprio. Existe um catálogo de uma exposição sua que inclui textos seus e uma entrevista. Não há, no entanto, uma obra autónoma, desenvolvida por terceiros, ou qualquer estudo académico sobre o seu trabalho de design.
A presente proposta integra-se em ambos os eixos do Techn&Art, e em duas linhas temáticas: Caracterização e Contextualização do 
Património, e Design e Inovação. O projeto funda-se essencialmente nesta última linha, propondo-se revelar a importância destes designers nacionais, quer no papel pedagógico que tiveram, como na sua atividade projetual e caráter inovador do seu design. Por outro lado, pretende-se promover a salvaguarda de um património ligado à arte e à cultura nacional, não apenas pelo valor intrínseco da obra dos designers, mas igualmente pelas áreas onde atuaram, como a edição ou a divulgação cultural, artística e científica. O facto dos designers 
estarem vivos e dispostos a colaborar, possibilita a recolha e registo de informação privilegiada, assim como o acesso a peças gráficas e 
documentação em primeira mão e até inéditas.
Da vasta obra gráfica de ambos destacam-se alguns aspetos centrais em termos culturais e patrimoniais: no caso de Armando Alves, o 
trabalho com José da Cruz Santos nas editoras portuenses Inova e Oiro do Dia, foi uma referência na renovação do panorama editorial 
nacional, e em particular na área da poesia, ao longo dos anos 1970. A editora Limiar, de Egito Gonçalves e Eugénio de Andrade, deu 
continuidade ao trabalho de Armando com este último poeta nas editoras anteriores e na área da poesia. Este trabalho editorial em muito contribuiu para uma descentralização de Lisboa na cultura nacional, naquela década. Armando Alves encontra-se ainda entre os mais importantes artistas que realizaram cartazes de cariz político no pós-25 de abril. Por seu lado, Jaime Ceia desenvolveu um trabalho notável de descentralização na contribuição que deu, a vários níveis, para o incremento da Cooperativa de Comunicação e Cultura, em Torres Novas, nos anos 1980. Com início ainda na mesma década, deu ainda um contributo muito positivo na área da arqueologia, com projetos de sinalética e museografia implementados de norte a sul do país.

Referência: CFPI2023/06
Eixo principal de investigação: Valorizaçã do Património Cultural
Financiamento: 11 872,00€
Âmbito: Nacional

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