O projeto A Festa dos Tabuleiros, o Património Cultural e a Comunidade, visa contribuir para o estudo, inventariação e salvaguarda da Festa dos Tabuleiros (FT), considerando a dimensão dinâmica do passado e valorizando a contemporaneidade da manifestação patrimonial. Para tal, adota-se uma abordagem holística e democrática na definição do que é o património cultural, utilizando metodologias de intervenção comunitária participativas e tendo em conta que as manifestações do Património Cultural Imaterial (PCI), são parte integrante do quotidiano dos indivíduos e grupos que as preservam segundo as suas próprias formas de valorização e salvaguarda.
O projeto é orientado para três objetivos. Primeiro, valorizar a função do património cultural imaterial na sociedade e integrar a salvaguarda do referido património em programas de planeamento, promoção e salvaguarda. Em segundo lugar, produzir conteúdos pedagógicos que possam contribuir para a educação e valorização patrimonial da FT. Em terceiro lugar, criar ferramentas que possibilitem a sustentabilidade da festividade através da participação comunitária na criação de modelos de negócio de forma incorporada com a extensão e promoção do contexto económico e social de Tomar, enquanto município da sub-região do Médio Tejo e da região Centro do país.
Nesse sentido, considerar o património em constante evolução é permitir que o mesmo ganhe novas dimensões na sociedade atual. Como afirma Sousa (2009), “(…) quando se estabelece uma caracterização ativa dos recursos pedagógicos e económicos nos elementos patrimoniais, estes tornam-se geradores de mais-valias, devidamente adequados à modernidade, alargando-lhes os afetos com o reconhecimento do contributo no enriquecimento das comunidades” (Sousa, 2009:99). De acordo com a perspetiva participacionista, defendida pela Convenção da UNESCO (2003), a importância dada à complexidade temporal e evolutiva das manifestações culturais considera: a dimensão dinâmica do passado – o valor histórico e o facto da manifestação “ser transmitida geracionalmente” – ao mesmo tempo que valoriza a contemporaneidade da manifestação - o facto do património “estar vivo” – e, na maioria das vezes, não admite a reprodução da manifestação em contextos diferentes do contexto original (ou seja, a expressão cultural não deve ser apenas uma representação do passado). Esta abordagem, promovida com maior impacto a partir dos anos 80 do século XX, defende um procedimento holístico e democrático na definição do que é património cultural. Defende a utilização de “metodologias de intervenção comunitária democráticas e participativas” e entende as manifestações do PCI como parte integrante da vida quotidiana, interiorizadas nos indivíduos e grupos que tradicionalmente as preservam segundo as suas próprias formas de valorização e salvaguarda. Segundo esta perspetiva a participação social deve ser promovida “com o objetivo de evitar as desigualdades, a monumentalização e a 'coisificação' de objetos, isto é, é muito importante pensar primeiro nas pessoas e logo nos bens culturais (…)” (Pereiro, 2006: 26).
Por outro lado, a salvaguarda de manifestações de património cultural remete para a valorização e empowerment de biografias coletivas e individuais, a valorização da diversidade cultural e do autoconhecimento identitário. Face a estes desideratos, importa, atendendo aos pressupostos anteriormente mencionados, analisar as várias etapas e instrumentos utilizados nos processos de patrimonialização da cultura imaterial, isto é, interessa perceber o que caracteriza as manifestações culturais imateriais, o envolvimento das comunidades locais e os processos de identificação e valorização.
Esta proposta enquadra-se no TECHN&ART na linha temática «Salvaguarda», designadamente na Caraterização e Contextualização do Património, sustentada nos estudos culturais, históricos, artísticos e literários.
Conforme explicado anteriormente, o desafio proposto e as atividades previstas podem contribuir para a inovação dos setores social, académico e cultural, devido à promoção e estudo da prática festiva, assegurando a preservação e a valorização económica sustentável do património cultural imaterial e da identidade local, enquanto ativo estratégico. Dessa forma, o projeto pretende contribuir para a mudança do estado da arte, por meio de uma abordagem multidisciplinar que divulgue os conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem este património, comunicando-o através de publicações ou de outras formas de comunicação, assim como promover a participação da população, visando a difusão das conquistas e benefícios resultantes da pesquisa científica e tecnológica geradas pelo projeto. Para atingir esse objetivo central, o envolvimento da equipa com parceiros não beneficiários, populações residentes e comunidades escolares será aprimorado em cada uma das atividades por meio de ações que permitam o fortalecimento das relações de rede, utilizando sinergias criadas.
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