Acesso ao site AQUI
Na introdução a Industrial Heritage Re-tooled: the TICCIH guide to Industrial Heritage Conservation, James Douet afirma que os vestígios industriais estão entre os “’bens culturais’ que as sociedades modernas procuram manter para o seu bem-estar futuro” (p.1) por força da sua abundância, versatilidade bem como pelo seu potencial económico e educacional. Não é, portanto, de admirar que “adaptá-los e reaproveitá-los seja hoje uma estratégia generalizada para os urbanistas” (p.1). Algo faz ainda mais sentido quando comunidades fortemente afetadas pela desindustrialização beneficiam da renovação em larga-escala de complexos, como a Mina de carvão de Zollverein (Essen, Alemanha), a siderurgia de Engelsberg (Norberg, Noruega), a Cidade Mercantil Marítima de Liverpool (Reino Unido), a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, agora LX Factory (Lisboa, Portugal), um complexo popular pelas suas opções nos sectores das compras e da restauração, bem pelos espaços para escritórios, para mencionar apenas alguns. Paisagens pós-industriais como as mencionadas vão além de meras estratégias de marketing urbano, pois procuram não apenas promover uma nova imagem do lugar, mas também promover mudanças ao nível da governança e do desenvolvimento urbano.
Embora Tomar tenha sido um dos mais importantes centros industriais de Portugal, a vasta maioria das suas unidades industriais e pré-industriais são agora as ruínas de um passado produtivo recente ou estão sob ameaça iminente de fechar portas, visto que o auge industrial do município já está longe. Exemplo disto é o icónico complexo de produção de papel do município, que é composto pelas seguintes unidades industriais: a Companhia de Papel do Prado, a Fábrica de Papel de Porto Cavaleiros, Fábrica de Papel da Matrena, Fábrica de Papel do Sobreirinho e Fábrica de Papel de Marianaia. Apesar do atual estado de degradação, e de certa forma por causa disso mesmo, os edifícios são considerados património e recursos culturais de importância identitária local, visto que contribuem para a antiga posição de prestígio, ao mesmo tempo que alimentam um certo sentimento nostálgico de comunidade.
Conscientes do papel importante que a indústria do papel teve na região e desejando estabelecer um diálogo com um trabalho sobre produção artística nas fábricas ativas e sítios pós-industriais realizado pela École de Design et Haute École d’Art du Valais (EDHEA) (incluindo reconversões de arquiteturas industriais suíças em atividades culturais assim como processos de produção cultural/industrial centrados em antigas fábricas de máquinas de escrever Olivetti em Ivrea – Itália), o evento vai ser centrado nas facetas industrial e cultural da indústria do papel.
Assim sendo, os principais objetivos do projeto são:
Em termos de resultados sociais, espera-se consciencializar sobre o potencial empoderador do património industrial, apresentando situações similares em infraestruturas obsoletas que foram reconvertidas e às quais foi dada uma nova vida. Além disso, pretende-se utilizar o cinema para incutir orgulho nos/as antigos/as trabalhadores/as industriais, dando-lhes o protagonismo.
INVESTIGADORA PRINCIPAL: Hermínia Sol
©Instituto Politécnico de Tomar | Todos os direitos reservados |
Copyright