O projeto INSIGNIA – “Roteiro de Turismo Militar: modelo para a valorização do património histórico-militar nacional” é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P., no âmbito da Unidade de I&D Centro de Tecnologia, Restauro e Valorização das Artes – TECHN&ART, com a referência UIDB/05488/2020 e UIDP/05488/2020. O projeto é desenvolvido por equipa multidisciplinar, das áreas do Turismo, Gestão, Ciências Socias, Conservação e Restauro, Tecnologias de Informação e Comunicação, com início em junho de 2021 e término em outubro de 2024.
O presente projeto pretende desenvolver um modelo para a monitorização e valorização do património histórico-militar nacional, aplicado ao Roteiro de Turismo Militar (RTM) desenvolvido pela Associação de Turismo Militar Português (ATMPT).
O RTM, que teve início no último trimestre de 2020, é dirigido aos municípios portugueses e é composto por um conjunto de rotas associadas a acontecimentos e períodos da história nacional. Estas rotas visam promover e divulgar recursos, equipamentos e serviços turístico-culturais nacionais, passíveis de integrar a oferta de turismo militar em Portugal de forma direta ou complementar. A integração numa das rotas (ou várias), confere aos municípios um conjunto de serviços, direcionados especificamente para a promoção e divulgação do património histórico-militar da sua região. O objetivo é divulgar todos os pontos de interesse e atração do território, sejam eles recursos históricos, culturais ou naturais, capazes de integrar as rotas existentes.
O RTM surgiu no sentido de colmatar uma lacuna existente quanto à estruturação da oferta existente em território nacional e, por consequência, quanto ao desenvolvimento de produtos de turismo militar. Em Portugal, a relação entre o turismo e o património associado à história militar nacional tem assumido um papel importante na criação de uma identidade e marca de destino turístico nacional. Na verdade, num país com 900 anos, a história nacional e a militar tendem naturalmente a convergir.
Ao longo dos últimos anos, tem-se assistido a uma consolidação do turismo militar em Portugal, desde a sua incorporação no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) em 2013 à, mais recente, inclusão na Estratégia Turismo 2027. Esta estratégia baseia-se na existência de um vasto e diversificado património militar no território nacional e no reconhecimento da relevância do turismo para o crescimento do PIB do país, especialmente no interior com baixa densidade populacional. Outro raciocínio por detrás do PENT é o pressuposto de que a história militar tem o potencial de desencadear experiências turísticas e culturais, recorrendo a narrativas e contos de histórias como fatores de atração diferenciadores. O trabalho desenvolvido por diversas instituições públicas e privadas, sejam elas académicas, associativas, governamentais, militares ou empresariais, tem-se refletido no desenvolvimento do turismo militar em Portugal, em especial através da ATMPT.
Tomando partido das sinergias já criadas, o presente projeto procura a otimização dos recursos e serviços disponíveis no RTM e da plataforma existente, através da monitorização e da avaliação do processo de valorização do património. O objetivo principal será providenciar as ferramentas para o aperfeiçoamento do produto com base nos resultados obtidos. Sempre numa perspetiva de desenvolvimento sustentável, a implementação de um modelo de monitorização e de avaliação permite uma análise contínua do produto, de forma a preservar, promover e valorizar o património histórico-militar nacional, contribuir para a afirmação do turismo militar em Portugal e promover a qualificação dos agentes, dos equipamentos e dos próprios territórios e suas comunidades. Este modelo pressupõe o estabelecimento de metas, expetativas e objetivos específicos, através da definição de um conjunto de indicadores de referência. Estes indicadores permitem gerar informação, avaliar o processo e otimizar esse conhecimento, dialogando e corrigindo ferramentas já criadas, como a matriz de inventariação de recursos patrimoniais na qual a plataforma projetada para o RTM se baseia. Pressupõe-se, também, o estabelecimento de parâmetros de avaliação, selecionados consoante os objetivos estabelecidos.
Os resultados expetáveis deste projeto, para além da otimização e disseminação do produto, apontam para a ativação turística do património histórico-militar e para o impacto direto desta no território nacional. Apesar de tudo, os desafios que enfrentamos atualmente, ao nível da incerteza no setor do turismo e da imprevisibilidade dos mercados, resultado da pandemia por Covid-19, obrigam-nos a repensar as estratégias e “ajustar” as expetativas. Enquanto existirem restrições na acessibilidade e mobilidade, a atividade turística está constrangida e, por conseguinte, os resultados expetáveis deste projeto estão dependentes das atuais limitações. No entanto, a plataforma digital do RTM abre uma janela virtual de acesso ao património e inspira a dinâmica participativa do turista no planeamento da visita ajustada aos seus interesses, necessidades e condicionamentos.
A criação de um modelo de valorização do património, de índole histórica e militar, com base na monitorização, avaliação e, consequentemente, otimização do produto existente, enquadra-se diretamente nas áreas preferenciais do TECHN&ART, de valorização do património cultural e de desenvolvimento sustentável, tornando-se uma ferramenta pedagógica de apoio à formação e disseminação de conhecimento ao serviço dos investigadores.
Os resultados societais esperados convergem com os desafios definidos pela União Europeia no que diz respeito às sociedades inclusivas, inovadoras e reflexivas. O envolvimento dos cidadãos em matéria de cultura e de acesso ao património promove o sentido de pertença das comunidades face à sua história e identidade, enquanto a aposta na investigação e inovação, contribui não só para disseminação de conhecimento como para o empoderamento intelectual de uma sociedade em constante mudança.
Abordagem metodológica:
Financiado por fundos nacionais, através da FCT, no âmbito da unidade de I&D TECHN&ART, com a referência UIDB/05488/2020.